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Treinador de Futsal/Futebol - Coordenador Técnico Iniciação - Clube Atlético Mineiro - Graduado em Educação Física - UFMG, Especialista em Futsal e MBA em Gestão de Pessoas

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Uma lição dos ´´Homens de preto´´

    Nesse mês de dezembro o canal ´´SPORTV´´ mudou um pouco sua programação e inseriu um programa que se chama ESPORTE.DOC. São documentários sobre celebridades do esporte (ela exibiu também um documentário do Ayrton Senna e exibirá um do Prost), e  sobre algumas equipes, que  independente da modalidade são referências para o Esporte. 
   Como é o caso dos ´´ALL BLACKS´´, equipe de Rúgbi que representa a Seleção da Nova Zelândia, que também foi contemplada com um documentário especial, e é famosa pela execução do ´´HAKA´´(eles cantam um ´´haka´´ específica chamada ´´KA MATE´´). Essa execução é realizada sempre antes das partidas, e é extremamente intimadora, em virtude da entonação e performance dos atletas.
     Essa ´´tradição´´ de realizar o ´´haka´´ antes das partidas  fez com que essa seleção fosse conhecida mundialmente, mesmo em países que esse esporte não tem tanta expressão.

Mas o que ficou claro é que existe muita coisa por trás disso.....
É impressionante os depoimentos dos jogadores que fizeram ou que fazem parte dessa Seleção.
     Os atletas mais velhos,  até mesmo alguns que já se aposentaram afirmam que durante o processo de renovação da seleção, não queriam ´´perder´´ o lugar para os mais novos que já vinham buscando o seu espaço. Os mais experientes foram assertivos ao dizer  que essa ´´batalha´´ para ser escalado para o jogo era a forma mais clara e direta deles mostrarem para o  jovem atleta  que não é fácil defender a seleção do seu País, e que tudo que ele viveu e se sacrificou para estar ali não seria tirado tão fácil.
    Acredito que o processo de renovação em qualquer esporte dependa não só dos dirigentes e da comissão técnica, que planejam esse processo, mas também muito dos jogadores mais experientes que serão os que instigarão e desafiarão os mais novos. Mas, isso não é tão simples!!!! Para que isso aconteça o compromisso com o coletivo e a consciência que se é ´´passageiro´´ são fundamentais. Não se tem lugar para  algumas vaidades ou para  um simples nome atrás de uma camisa, a preocupação tem que ser com algo MAIOR.
   No nosso País vejo esse processo de renovação mais sistematizado  no vôlei, a seleção masculina é um exemplo no qual os atletas mais velhos são cruciais no processo de amadurecimento da nova geração.
      Ainda falando dos  ´´All Blacks´´ os mais Jovens, são ensinados desde cedo da responsabilidade de vestir aquele uniforme e foram incisivos ao dizer, ´´ninguém nos conhece, lutamos e jogamos contra o mundo inteiro para defender nosso País.´´ Valores  como esse são difíceis de se encontrar nos esportes de alto nível hoje.
     No futebol, você vê várias entrevistas e declarações de jogadores que se sentem honrados em defender a Seleção Brasileira, mas na prática a história é outra. Quem não lembra  daquele  gol que tomamos na COPA numa bola cruzada na área que o Roberto Carlos estava arrumando o meião. Ficou claro o que quis dizer agora???


     Aí você vai me dizer que o motivo é que os atletas de futebol, por exemplo, ganham muito dinheiro, que se perdem na bajulação. E quem disse que os atletas de Rúgbi na Nova Zelândia não ganham fortunas????? A diferença é cultural!!!!
    E essa cultura diferente fica evidente no processo de formação dos atletas. Na Nova Zelândia como em outros lugares, na escola os alunos aprendem o esporte, se se destacam na escola logo estão no Clube da cidade, e se destacam ainda mais mudam de Cidade e vão para Universidade e depois se realmente forem bons entram na Super Liga de Rúgbi para depois caso tenham condição possam defender sua nação. Viu alguma semelhança como o Brasil?????
E então, os ´´All Blacks´´ são quem são por causa do ´´HAKA?
 

    Nada disso, a dança e os gritos antes das partidas são só uma forma de expressar as raízes  daquele povo, eles amam  e lutam por aquilo, pois foram criados e educados a se identificar com suas crenças e raízes que passam dos mais velhos para os mais jovens e que deixa todos arrepiados minutos antes dos inícios dos confrontos.















A "Ka Mate" começa com uma série de cinco instruções preparatórias, gritadas pelo líder:

"Ka Mate"

Líder:
Ringa pakia!                               Coloquem as mãos contra as coxas
Uma tiraha!                                 Estufem o peito!
Turi whatia!                                 Dobrem os joelhos!
Hope whai ake!                           Façam o mesmo com o quadril!
Waewae takahia kia kino!            Batam os pés o mais forte que puderem!
           
Líder:
Ka mate, ka mate                           É a morte, é a morte!
Time:
Ka ora                                           É a vida! (ou "Eu vivo!")
Líder:
Ka mate, ka mate                           É a morte, é a morte!
Time:
Ka ora                                            É a vida!
Todos:
Tēnei te tangata pūhuruhuru              Este é o homem peludo...
Nāna i tiki mai whakawhiti te rā        ...Que fez com que o sol brilhasse novamente para mim
Upane...Upane                                Suba a escada, suba a escada
Upane Kaupane"                             Suba até o topo
Whiti te rā,!                                     O sol brilha!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Treinando Princípios e não Exercícios.....

‘’Há várias formas de resolver os problemas e nós queremos que eles sejam resolvidos com uma determinada lógica.’’
(Guilherme Oliveira)
               
Para alguns autores, Campos (2008)  e Gomes (2006) a melhor definição do TREINAR nos esportes coletivos é CONDICIONAR COMPORTAMENTOS. Gomes (2007) ainda afirma que na verdade não se sabe o que vai acontecer no aqui e agora do jogo, mas sabe-se que a equipe dele vai ter determinados comportamentos pelo o que é construído no processo de treino (tema abordado no ‘’post’’  ‘’Complexidade ou Caosplexidade’’).
 E o que é construído no treino? Ou melhor, o que é construído no seu treino???
‘’A inteligência para resolver os problemas do jogo é construída
ou destruída no treino’’.
Santana(2004)

Essa é uma pergunta que todo treinador deveria se fazer, mas acredito que ela esteja um pouco vaga. Elaborando melhor o questionamento vamos começar perguntando como sua equipe  ‘’ataca’’, ou  como  ela ‘’defende’’,  ou quando ela toma um ‘’contra-taque’’ qual comportamento ela tem???(se ao ler essas perguntas as respostas não vieram claro na cabeça, é hora de buscar responde-las, pois se não está claro para você, imagine para os seus atletas).
Todas essas perguntas poderiam ser resumidas numa só: ‘’Quais  são os seus princípios de  jogo?’’
Guilherme Oliveira (2004) afirma que os princípios de jogo são referências intencionais do treinador para resolver os problemas do jogo e por isso, expressam-se no comportamento dos jogadores. Dessa forma, os princípios de jogo permitem ao treinador desenvolver determinadas regularidades comportamentais dos jogadores, organizando suas relações e interações. Na mesma linha de pensamento pode-se falar que o comportamento do jogador tem de se inserir dentro de um determinado padrão de jogo, isto é, dentro de uma organização pré-definida (Modelo de Jogo).
Essa prévia organização possibilita que algumas ações se tornem hábitos, ou seja, ‘’conhecimentos que foram criados através de experiência, que ficaram gravadas na memória e que vão ser utilizadas para se decidir e reagir rapidamente’’ (Damásio, 2000).
Porém, esses princípios que foram estipulados para representar o Modelo de Jogo daquela equipe serão treinados pelos exercícios propostos na sessão de treino. Os exercícios nada mais são que os meios pelos quais  os princípios serão treinados.
Então é muito simples, não é mesmo? É só eu copiar alguns exercícios que achei interessante e minha equipe estará treinada e condicionada ao sucesso. Ai é que está o grande engano!!! Aquele exercício era ESPECÍFICO para condicionar aquela equipe, naquele PRINCÍPIO!!!  Copiá-lo não fará diferença alguma, pois o seu perfil de jogadores é diferente, a filosofia do clube que você trabalha também é diferente e com certeza o que você entende ou acredita do jogo é diferente dos demais treinadores (por mais que tenham convicções semelhantes).
E se os seus princípios evoluírem ou mudarem de temporada para temporada????
 Deve-se planejar novos exercícios, pois os antigos estavam prontos para o que se acreditava, e o novos irão condicionar o que naquele momento se acredita ser importante para sua equipe.
Portanto, treinar uma equipe é mais que copiar alguns exercícios interessantes, é planejar atividades que consigam estabelecer regras de comportamento nos seus atletas, para que naquele momento do jogo, sob pressão, eles consigam responder de forma adequada. E para planejar atividades que cumpram esses objetivos deve se conhecer a fundo a modalidade que se trabalha, entender a lógica interna do jogo...

‘’ O processo de categorização pode ser espontâneo, resultando de uma experiência desorganizada do indivíduo, ou ser cultural e organizado de com acordo com regras aprendidas formalmente, através do treino.’’
(Alexandre Caldas)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Talento....Uma justificativa para a omissão dos Treinadores???

‘’O talento, só, não chega, isto é, um jogador sem talento não chegará certamente ao topo, mas também um jogador  só com talento, ou seja, que não consiga melhorar o seu talento e torná-lo eficaz através de uma exercitação constante, também não alcançará o mais alto nível.’’
(Arthur Jorge, 1992)

Segundo Araújo (2004) o talento é um conceito que tem servido para justificar tudo o que não se sabe explicar e que tem a ver com o bom desempenho dos praticantes. Outros vários autores afirmam que indivíduos talentosos possuem qualidades inatas que lhes permitem alcançar desempenhos de excelência numa determinada atividade.
Quando se escuta a palavra ‘’talento’’ no meio esportivo, logo se tem a idéia que quem o detém já está pronto, que tudo que ele precisava para o mais alto nível de desempenho já nasceu com ele.  A discussão entre a hereditariedade do talento ou se ele pode ser adquirido vem ocorrendo  há tempos e não se está aqui querendo respostas para isso. É incontestável que aspectos físicos ou psicológicos que nasceram com o indivíduo o predispõem ao sucesso, porém sabe-se que é fator fundamental para o êxito de um jovem atleta o treino e não somente as características inatas.
                Nessa linha de pensamento, concorda-se com Garganta (2004) ao afirmar que somente o talento não é suficiente, é imprescindível TREINAR.  O conhecimento do atleta, a capacidade de condicioná-lo da forma como se pretende jogar (solucionar problemas) só se consegue treinando, e com qualidade.  Corrobora-se com o mesmo autor ainda quando se diz que  o ‘’talento’’ possibilita e potencializa a aprendizagem, mas não a substitui. Dessa forma, o processo de ENSINO-APRENDIZAGEM-TREINAMENTO é o que vai fazer o jogador existir.
                Isso significa que o potencial está armazenado, à espera  de ser revelado, mas para isso é preciso  ‘’criar’’ as oportunidades e contextos(diversidade de estímulos) para o desenvolvimento que só  o treino proporciona.
E ainda sim, somente a prática  pode não garantir o sucesso, mas até o momento não se conhece nenhuma outra forma para se tentar alcançá-lo.

Tenho viajado há algum tempo para assistir as competições nacionais das categorias sub-17 e sub-20, à procura de atletas ‘’talentosos’’(conceito relativo, aquele é talentoso para você, pode não ser para outro). Tenho encontrado alguns, porém o atleta talentoso em sua grande maioria tem um traço da personalidade peculiar: ele é egocêntrico, tem dificuldade de se inserir no coletivo, acredita que pode a toda hora ganhar o jogo. Engano dele, ele pode muitas vezes nos fazer refém de seu POTENCIAL  e a derrota será a conseqüência, mas cabe aos treinadores , fazê-los  enxergar esse outro  lado da história.
Além disso, possuem dificuldade defensiva, marcam mal 1x1 e não entendem o significado da palavra ‘’retorno’’, mas também cabe aos treinadores a fazê-los compreender a dinâmica do jogo,  e o significado de ‘’correr para trás’’.
Pensando nisso, no clube que trabalho atualmente montou-se um Projeto Talentos. São jogadores das categorias sub-15 a sub-20 que tem  grande potencial e que treinarão mais que todos os outros. Mas como assim??? Eles são os mais talentosos, e treinarão mais???
Isso mesmo! Se eles são os mais talentosos, quer dizer que possuem mais potencial, porém isso só se tornará realidade  se nós os condicionarmos aos nosso princípios de jogo agora e educarmos eles no sentido que só o ‘’talento’’  pode não ser suficiente para se tornarem grandes jogadores.
Dessa forma,  acredita-se que um bando de talentosos podem não chegar a lugar algum, mas uma equipe de jogadores com grande potencial tem grandes chances de sucesso.

(Sawyer, 2006)’’....as idéias não surgem magicamente do nada na cabeça de um gênio(...) teremos que esquecer esses mitos românticos de que a criatividade tem tudo a ver com ser artístico e dotado nada com  trabalho duro.’’



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Complexidade ou ''Caosplexidade''

'' No jogo de futebol, em muitos casos, a ordem parece nascer do caos.'' (Garganta & Cunha e Silva, 2000)


Em toda literatura que define e explica a modalidade futsal, fica evidente a ênfase as características de imprevisibilidade, aleatoriedade e complexidade que se contemplam todos os esportes coletivos. Guilherme Oliveira (2004)  a respeito da imprevisibilidade afirma que essa acontece porque o jogo levanta problemas que podem ser resolvidos por diferentes soluções dependendo do conhecimento específico que se tem e da interpretação do jogador.
No que refere a aleatoriedade  o mesmo autor menciona que as situações acontecem sem uma lógica seqüencial, surgindo de forma arbitrária, isto é, apresentando-se de forma não linear. E no que se trata da complexidade do jogo, fica claro essa característica quando falamos dos aspectos cognitivos que a modalidade exige, e no contínuo processo de aquisição de conhecimento e tomada de decisão que o jogador passa no decorrer da sua carreira.
No futsal o jogo é nada mais é que um sistema caótico, o que o torna impossível de quantificá-lo  rigorosamente  de forma a  categorizá-lo.  Mesmo  assim, podemos dizer que o jogo apresenta padrões de ação que se repetem regularmente. Dessa forma, o jogo sendo um sistema caótico é possível verificar que os comportamentos  tem alguma frequência, ou seja, apesar de serem diferentes caem num universo de regularidades.
O caos não assume uma condição negativa, pois esse não significa confusão total, ausência de forma, desordem geral, total falta de princípios e de leis que governem o comportamento. Caos tem a ver com uma abordagem ordenada da desordem, com a forma como a desordem e a ordem estão interligadas e coexistem, e também com o papel que a desordem desempenha na criação da ordem. Dessa forma, caos é a ordem (modelo) dentro da desordem (comportamento ao acaso), e os esportes coletivos apresentam um comportamento caótico em pequena escala, mas que denunciam em grande escala uma certa regularidade. Assim o jogo de futsal, enquanto sistema caótico, indica-nos que no meio da ''confusão'' aparente é possível apresentar certas regularidades organizacionais, isto é,  modelar e padronizar uma forma de jogar.
Compreendendo isso, fica evidente a importância de se definir um modelo de jogo (previsbilidade de algumas ações) para que assim os atletas possam solucionar e se adaptar a imprevisibilidade e complexidade inerentes ao jogo de futsal.








Blog....até quem enfim!

Há muito desejo montar um Blog para compartilhar idéais, conhecimento e experiências. Resisti por algum tempo, e em conversa com um grande amigo ontem, que me incentivou muito, tomei coragem e aqui estou eu.
Venho acompanhando algumas pessoas através dessa forma de expressão, pessoas que nunca vi ou conversei, mas que respeito muito pela forma de pensar e sistematizar suas idéias, seja através de livros, vídeos ou até mesmo de experiências práticas. Tenho os ''meus blogs'' que sempre ''frequento'', nos quais recebi indicação de leitura e fui dispertado a me aprofundar em alguns assuntos. Espero contribuir da mesma forma para aqueles que algum dia passarem por aqui....