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Treinador de Futsal/Futebol - Coordenador Técnico Iniciação - Clube Atlético Mineiro - Graduado em Educação Física - UFMG, Especialista em Futsal e MBA em Gestão de Pessoas

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Entrevista ´´Pixote´´– ala do Krona/Joinville e da Seleção Brasileira

sorato e pixote

Entrevista Alexandre Rodrigues Canha (Pixote)

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Data de nascimento: 26/02/1987

Cidade Natal: Recife-PE

Principais títulos: Sul –Americano sub-20( ano de 2006) Taça Brasil sub 20( ano de 2007) , Copa América (2011) Bi Campeão Copa da China(2010 e 2011), Liga Nacional (2011), Super liga(2012).

Clubes que já jogou: São Caetano Futsal, Minas Tênis Clube, Santos Futsal e Krona/Joinville.

1)Pixote, como acredito ser curiosidade de todos que convivem com você, qual a origem do apelido ´´Pixote´´?Ele tem alguma relação com o futsal? R- Esse apelido veio ainda na minha infância, eu tinha sete anos quando começaram a me chamar de Pixote. Em recife, minha cidade, “pixoto” significa coisa pequena. Então começaram a me chamar de Pixoto e um amigo por brincadeira mudou e começou a chamar de Pixote, hehe. Com isso todos acostumaram a me chamar de Pixote e ficou até hoje.

2) Você apesar de experiente, saiu de casa muito novo em busca do seus sonhos, qual foi sua trajetória até o seu atual clube Joinville/Krona? R- Sai de casa quando tinha dezessete anos, por coincidência o primeiro time que joguei fora da cidade onde nasci e fui criado é a mesmo que estou jogando hoje. Isso aconteceu no ano de 2005, o time se chamava Joinville Futsal, hoje se chama Krona/Joinville. Depois de passar pelo Joinville, fui para São Caetano do Sul no ano de 2006 onde passei um ano. Já no ano de 2007 fui para o Minas Tênis Clube, onde passei quatro temporadas( 4 anos). Em 2011 me transferi para o Santos Futsal onde consegui o título mais importante da minha carreira, fui campeão da Liga Nacional de Futsal. Esse ano de 2012 jogo pela Krona/Joinville.

3)Como nós sabemos, você é pernambucano, e seu estado tem uma forte tradição em ser muito competitivo nas categorias de base (consegue aliar títulos e formação de atletas), você consegue nos explicar o motivo disso? R- Eu acho que Pernambuco é uma grande escola, lá se tem treinadores que tem uma excelente formação com as categorias de base. Juntando essa boa formação de treinadores para a base, com a vontade de crescer dos atletas, isso faz com que os jogadores se destaquem a nível nacional.

4)E por quê após o sub-20 Pernambuco não tem tanta expressão (apesar da equipe do Tigre ter feito boas campanhas nas últimas ´´Superligas´´)? R- Por ser muito forte na categoria de base, Pernambuco perde muitos jogadores novos para os times de mais investimentos, que se concentram entre o sul e sudeste do país. Isso acontece com muita frequência, os jogadores que realmente se destacam, saem cada vez mais cedo do seu estado para poder crescer, tanto financeiramente quanto profissionalmente. Infelizmente no estado de Pernambuco esse investimento para a categoria adulta é muito pouco, os salários são muito baixos e com isso os jogadores tem que ir embora do seu estado.

5)Você já foi treinado por grandes treinadores, podemos citar Ferretti, Perdigão e Marcos Sorato (Pipoca), consegue nos dizer o que eles tem em comum? E existe algo na forma de trabalhar de alguns deles que lhe chamou a atenção? R- No meu ponto de vista são treinadores que tem formas bem diferentes de trabalho. O Perdigão sempre trabalhou com jogadores mais novos, de pouca idade, mas sempre conseguiu fazer com que o seu time se destacasse a nível nacional. Pelo fato de sempre ter pouco investimento e jogadores jovens, sempre conseguiu explorar muito bem a pouca idade dos atletas, com suas formas de treino rápido e estilo de jogo veloz. O Ferreti já é um treinador onde sempre trabalhou em equipes de mais investimentos e consequentemente com jogadores experientes que sempre se destacaram a nível nacional. Pelo fato de ter nas mãos sempre os melhores, o Ferreti tem esse estilo de deixar o jogador escolher o melhor modo de jogar, de treinar, de saber a hora de driblar, de fazer um movimento, de passar. Não tem uma coisa automática, um movimento obrigatório, os jogadores sabem o jeito de jogar pela equipe que vai enfrentar. O Pipoca é um treinador que também sempre tem os melhores na mão, é o treinador da seleção, então vai ter sempre os melhores. Ele tem um estilo de treino bastante dinâmico, com muitos joguinhos, seus treinos só duram 30 min, mas ele consegue fazer com que o atleta nesse pouco tempo de o máximo e o treino tem um rendimento muito bom. São três excelentes treinadores que tive e tenho a oportunidade de trabalhar. Um treino que sempre me chamou a atenção e muitos jogadores não dão tanta importância é o treino de um toque. Já fiz esse trabalho com os três treinadores, mas o único que realmente falou para que serve esse treino foi o Ferreti, onde ele falou: que descobrir se você é um jogador de futsal? Coloca ele para treinar treino de um toque, que você vai descobrir.

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6)O que você acredita que num treino de futsal não pode faltar? R- Eu acho que finalização, é um ponto onde hoje em dia os jogadores estão com mais dificuldade. Não é aquele treino onde só fica chutando e chutando. É fazer as situações que acontecem no jogo, os goleiros estão cada vez maiores, melhores, com mais agilidade. Esta cada dia mais difícil fazer gol, quantas e quantas oportunidades aparecem no jogo e quantas são desperdiçadas. Eu acho que eu todo treino, colocaria um treino de finalização.

7)Você é um atleta muito confiante e transparece isso no seu dia a dia (treino, jogos, etc). Você acredita que isso é um traço da sua personalidade ou você foi durante a sua formação de atleta treinado para isso? R- Eu acho que Isso é um traço da minha personalidade, mas também adquiri isso com o tempo. Sempre fui uma pessoa onde procurei aprender e aprender a lhe dar com essas situações. Eu acho que para chegar a ter essa confiança, você tem que passar primeiro por situações de dificuldade. Tem que se acostumar sempre a estar sobre pressão, seja nas horas em que estiver no topo, ou na hora de recuperação.

8)Você já dividiu a quadra jogando com os maiores jogadores de futsal do mundo, seja jogando ao seu lado ou contra a sua equipe, existe algum ou alguns atletas que você admira e que em determinado momento da sua carreira você se espelhou? R- Graças a Deus já pude jogar do lado dos melhores e sempre tentei de alguma forma tirar proveito disso. Nosso país é muito rico com a bola no pé, cada jogador tem uma característica diferente e assim sempre procurei tirar o melhor de cada um deles. Um jeito de chutar, de driblar, de fazer gol, sempre procurei tirar o que eles tinham de melhor para o meu crescimento. Claro que tenho jogadores que realmente me encantam, o Falcão pelo fato de ser o melhor do mundo e sempre se destacar em decisões, é um cara que sempre gosto de ver jogar. O Valdin, pelo seu estilo de jogo, velocidade e inteligência é um cara que sempre me espelhei e me espelho. E tem outros que também posso falar, que é o caso do Neto, que na função dele é sem dúvida o melhor do mundo e o Lenísio, que se aposentou a pouco tempo, pela inteligência e a facilidade de colocar a bola para dentro. Esses são jogadores que realmente admiro e me espelho.

9)Você mesmo jovem, já vem acumulando alguns títulos e sendo valorizado pelo seu trabalho. Quais são os seus planos para o futuro no aspecto profissional? Acredita que disputará o mundial esse ano? R Quero procurar crescer cada vez mais, conquistar cada vez mais títulos para poder sempre ser um vencedor. No meu ponto de vista, um atleta profissional só é valorizado se ele for acostumado a ganhar, quando se ganha mais valorizado o atleta é. Daqui a alguns anos, penso em ir para a Europa, onde se tem hoje um investimento ainda maior que no Brasil. Em relação ao mundial, ainda não posso falar nada. Ainda faltam alguns meses e tem muita coisa para acontecer ainda, acho que o Pipoca vai convocar quem estiver bem, quem estiver fazendo a diferença no seu clube. A concorrência é grande, temos essa sorte aqui no Brasil, a qualidade dos jogadores é alta, mas vou procurar estar sempre bem em meu clube para poder chegar ao mundial.

10)É muito claro para todos, que a vida de atleta é muito curta, você vem se planejando para o futuro quando parar de jogar? Ou acredita que isso é uma realidade muito distante? R- Infelizmente a carreira de um atleta profissional é muito curta, mas, mesmo sabendo que ainda tenho no mínino uns dez anos de carreira, procuro investir sempre o meu dinheiro para no futuro conseguir ter uma vida estabilizada. Tenho vontade de voltar a estudar, mas infelizmente fica difícil conciliar a vida de atleta com a de estudante. Mas meu intuito, quando estiver encerrando minha carreira, é de voltar a estudar, me formar e ter uma vida profissional fora das quadras. Espero ter muitos anos ainda de carreira, para poder crescer cada vez mais financeiramente e profissionalmente.

 

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Contra-ataque: A ´´transição´´ para a vitória

 

Estudos realizados por  Silva & Costa (2004) e SIlva et al. (2005) mostraram que o contra-ataque é uma das fases do jogo  de futsal mais eficientes . Esses estudos compararam ações de ataque, contra-ataque e bolas paradas  em campeonatos brasileiros e mundiais das categorias de base (sub-15, sub-17 e sub-20).

Mas o que isso quer dizer???

Que essa fase do jogo foi responsável pelo maior numero de gols assinalados nas competições analisadas.

E pode se inferir sim (aqui com um percepção subjetiva, embasada em alguns estudos que comprovam esses fatos), que o maior numero de gols nos jogos de futsal acontecem em vantagens numericas (porém,  o contra-ataque não depende de vantagem numerica, mas sim de um desequilibrio da defesa adversária).

Então pode-se concluir que essa fase do jogo é a mais importante????

Acredito que não, o jogo de futsal é muito complexo para podermos hierarquizar fases dele.

Pois, para se contra-atacar é preciso ter uma defesa equilibrada e agressiva que vá desarmar e gerar possibilidades dessa transição ofensiva.

Para contra-atacar o ataque deve ser consistente e consciente para que propicie o menos possível essa situação para o adversário. Portanto, é impossível isolar as situações do jogo.

Agora é possível sim, condicionar sua equipe a ser eficiente nessa situação e em contrapartida também minimizar as problabilidades de tomar um gol nessa fase do jogo.

Você tem claro, ou os seus jogadores têm claro como eles devem se comportar nessa situação?

Treinar 2x1, 3x2 ou 4x3 não é suficiente para que condicione um time a decidir jogos nesse tipo de transição ofensiva. Esse tipo de treino  situacional (de estruturas funcionais) é aleatório demais para que algo se torne algo coletivo,  sistematizado!!

Além disso, para que o treino de contra-ataque seja efetivo é necessário uma pressão de tempo, seja a do relógio ou do próprio retorno do adversário (o que as equipes qualificadas obviamente realizam).

Quando se defende um contra-ataque  o goleiro atuará de que forma? O defensores fecham a ala, meio, sobem, descem????

É importante  elaborar princípios nos quais o treinador acredite serem fundamentais para que essa situação cumpra o objetivo dela, que é na pior das hipoteses finalizar ao gol adversário. E além disso, planejar exercícios que concretizem o que foi estabelecido.

E ai, quando se contra-ataca conduz a bola, ou passa a bola, ou depende?

Muitos treinadores acreditam que seja importante fixar o marcador adversário para que essa vantagem se torne ainda maior, mas e quando se joga contra uma defesa na qual o homem mais próximo da bola ´´estoura´´ o contra-ataque. O que fazer?

Outros treinadores acreditam que o passe em velocidade seja fundamental para o contra-ataque. Mas e se esse passe colocar a defesa em equilíbrio, impedindo que a vantagem numérica seja gerada, ou seja, uma possibilidade 3x2 se torna um 2x2.

Não sou defensor de verdades absolutas, mas a forma escolhida deve ser transferida para os atletas, para que o goleiro e defensores atuem todos pensando da mesma forma,  e que ao se ´´desenhar um contra-ataqe cada um saiba para onde ir, e que possibilidades de decisão possuem, o que naturalmente diminuirá as chances de dar errado.

Outro exemplo da importância dessa coletividade se chama Retorno defensivo.

AHHHH!!!!!!  Mas isso é simples, é só correr pra trás!!!!

De forma alguma! Correr só para trás não é suficiente, deve-se correr para trás com qualidade. Retornar por retornar ainda sim dá possibilidade do adversário concluir a situação. Agora correr de forma organizada, de forma coletiva,  sincronizando o retorno com a ´´temporização´´  (os espanhóis usam esse termo) dos defensores pode fazer muita diferença.

O contra-ataque pode sim, trazer muitas vitórias, mas contra-atacar requer além de correr, tomar as decisões certas,  dentro daquilo que foi estabelecido pelo modelo adotado….

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O atestado de óbito de ´´Matvéiv´´

 

Há algum tempo, vem-se falando que para se ter sucesso não só no esporte, mas como na vida é fundamental PLANEJAR.

Referindo ao planejamento nos esportes, esse planejar está intimamente ligado ao PERIODIZAR. Que como afirma Raposo (1989) nada mais é que dividir o treino em períodos particulares de tempo, com objetivos e conteúdos bem determinados. (mas não parece um conceito rígido demais?)

Pensando exatamente dessa forma, ´´Matvéiv´´ elaborou teorias de treinamento esportivo baseando-se em esportes individuais como o atletismo. E se tornou referência no que hoje dizemos PERIODIZAÇÂO CONVENCIONAL (o que sutilmente podemos dizer que é denominada assim por estar fora de uso, mas infelizmente não é  o que vemos a nossa volta). O sucesso dessa teoria fez com que as mesmas ideias fossem transportadas para os esportes coletivos.

E por vários anos se transportou e ainda se transporta exatamente um macrociclo de atleta de natação para um de futsal.

Mas como isso é possível?????

Em várias equipes do mundo, nas mais diversas modalidade esportivas coletivas, vê-se times realizando períodos preparatórios, transições e picos de forma. Sendo que nesses períodos preparatórios realizam-se exercícios gerais e no período competitivo algo mais específico, na qual a principal dimensão analisada é o aspecto FÍSICO!

Não se pode ´´perder tempo´´ com as aspectos gerais, sendo que tudo o que se deve treinar deve ser ESPECÍFICO a forma como a equipe jogará!

Não se pode pensar em ´´picos de forma´´, com um calendário competitivo que exige resultados durante todo o ano (seja competições estaduais, nacionais, internacionais, etc)

Não se pode pensar em volume, sendo que o que pode trazer a vitória são as intensidades das ações realizadas

Não se pode continuar a pensar o JOGO, em toda sua complexidade, colocando atletas para saltar cones, driblar pratos e correr em volta do campo!!!!

Não se pode pensar em aquecimento, realizando mudanças de direções ´´ao vento´´, sendo que esse além de aquecer  pode condicionar princípios

É difícil de acreditar mas, ainda em muitos casos o físico vem ditando toda forma de pensar o jogo coletivo, mesmo tendo-se a convicção que  o jogo é essencialmente TÁTICO!!!!!!!

É necessário avisar ao ´´Matvéiv´´ ou aqueles que o idolatram que a ´´fila andou´´….

E que para jogar bem, é necessário uma nova Teoria dos Jogos Esportivos Coletivos, organizada e teorizada em função da ESPECIFICIDADE ao Modelo de jogo adotado. Para isso a componente principal é  TÁTICA, e desde o primeiro dia ao último a preocupação é condicionar a equipe em função da forma de jogar estabelecida.

E que não se trabalha em função de ´´picos´´ e de sim de estabilizar um rendimento que sempre será em função do próximo jogo, e do próximo e por ai vai….

Castelo (1998) afirma que o se deve fazer desde o primeiro dia é treinar a organização do jogo da equipe, o implica que cada exercício de treino, desde o AQUECIMENTO até a RECUPERAÇÃO, deve servir para o organização do jogo COLETIVO.

Além disso,  o tático não é físico, técnico , psicológico e nem estratégico, mas precisa dos quatro para se manifestar. E dividir o treino ou o ano em períodos é também dividir o tático, o que de certa forma é completamente OBSOLETO…

Portanto, adeus ´´Matvéiv´´….vá em Paz!